domingo, 8 de novembro de 2015

REFLEXÕES: A conectividade e o abandono dos filhos

Recentemente li um artigo falando sobre a solidão de uma criança com pais presentes, dentro de casa.
Ultimamente as pessoas estão muitos conectadas, vivem plugadas em seus computadores, tablets, celulares e se desligam do mundo ao redor.

Fiquei refletindo muito sobre o tema e comecei a me policiar mais com relação a isso. Já me peguei diversas vezes distraída no celular, computador, ou mesmo assistindo TV, só observando meus filhos brincarem sozinhos. Noutro dia peguei um deles brincando com o carrinho, empurrando-o para frente e para trás, como se estivesse com o pensamento longe, deitado e com a cabeça apoiada no outro braço. Aquela cena me deixou de coração cortado. Imediatamente larguei minha tarefa na cozinha e fui brincar com ele. Os dois vieram na minha direção e brincamos juntos por alguns minutos. Quando percebi que o astral dos dois tinha mudado, voltei para a cozinha.

A gente ouve muito que "você deve brincar com a criança, estimular, dar atenção, levar para passear, para pegar sol, sair de casa, experimentar outros ambientes". Sim, eu devo e faço, só que na medida do possível. Hoje, excepcionalmente, desci com os dois antes de iniciar as tarefas domésticas e acabei enrolando o almoço. Um deles acabou dormindo sem almoçar de tanto sono. Daí eu me perguntei: será que foi bom ele ter brincado no play e ter dormido sem almoçar? A culpa foi minha de não ter subido antes? Nem tanto ao céu, nem tanto à terra.

É preciso ter bom senso, não sair acreditando em tudo que falam ou tomando para si um contexto que não é o seu. Da mesma forma que não devemos ignorar os sinais de tristeza que a própria criança mostra. Sim, criança também fica triste, não é um sentimento só de adulto. 

O que influencia muito também é a estrutura que você pode proporcionar para a criança que ainda não está na escolinha. Já tive a oportunidade de ter uma pessoa dedicada à organização da casa enquanto fiquei exclusivamente cuidando dos pequenos. Foi ótimo porque meu tempo era dedicado a eles e foi o período que mais grudaram na mamãe. Todavia, as coisas mudaram e meu tempo agora é escasso, tenho que me dividir entre eles e as tarefas, não é fácil.

Já me puni demais acreditando que estava prejudicando eles porque não podia mais dar tanta atenção, principalmente, depois que você ouve "deixe a casa de lado e vá passear com eles". Só que não é bem assim, não dá para deixar a casa de cabeça pra baixo e sair alegremente para passear. Minha mãe cuidou de 3, sempre executou as tarefas de casa e nunca teve que se preocupar em sair para passear com a gente por conta da tese de que a criança precisa passear para ser feliz. Éramos felizes em casa, brincando uma com a outra, tendo a atenção da nossa mãe sempre que precisávamos. Então, parei com a neurose. 

Acho que para alguém chegar para você e dizer que está fazendo isso ou aquilo errado, que o certo é seguir um padrão pré-determinado, politicamente correto ou cientificamente recomendado, essa pessoa tem que estar inserida no seu contexto para entender seu ritmo de vida, e só depois tentar dar algum pitaco. Ainda assim, tudo que disser será mera recomendação, não sou obrigada a seguir padrão de ninguém.

Tudo que puder fazer para melhorar a vida deles e estiver ao meu alcance, farei. O alerta sobre o excesso de conectividade dos pais com as crianças em casa deixadas a própria sorte é super válido. Agora estou mais atenta e evitarei sempre. Da mesma forma que continuarei brincando com eles em casa ou no play sempre que puder.

Sou a mãe que posso ser, sou a mãe que consigo ser e pronto. O que nossos filhos precisam é se sentirem amados, terem saúde e aprenderem a seguir o caminho do bem.

Deixo uma frase do Pitágoras (580-497 a.C. Matemático e filósofo da Antiguidade. Autor do "teorema de Pitágoras").

"Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos".